13 frases de Carta ao pai, de Franz Kafka

livro carta ao pai capa
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Imagem livro carta ao pai

Você, para mim, era medida de todas as coisas.

Essa frase é uma das passagens do livro e, a princípio, pode anunciar um amor incondicional de um filho ao pai, mas como tal também pode revelar um sentimento tirânico.

Querer lembrar é amor. Não conseguir esquecer é obsessão.

Ao ler o livro carta ao pai de Franz Kafka, ao meu ver, a obsessão e a repressão foram a tônica de um relacionamento atroz.

Sem meios físicos de dominação, porém um sentimento atrofiado e sem raízes para germinar, que passou a ser um grilhão.

Muito mais que isso, um filho com um senso de culpa incapacitante talhado no vácuo de atenção e validação de seu pai.

Uma verdadeira asfixia de um filho que vive no círculo mais íntimo, mais severo, mais sufocante da influência de um pai.

Um prosaico desarranjo familiar que vai assoviar no peito de muitos filhos, que, em silêncio, amargam suas dores, repressões e possibilidades não realizadas de uma vida familiar desconsoladora.

Por isso, passo a enumerar algumas das frases jubilosas de Franz Kafka, de modo que você possa ler e reposicionar sua visão sobre sua experiência. Embrenhar de outras dores, para, talvez, aliviar seus fados. 

Vamos a elas.


#1- Quando eu começava a fazer alguma coisa que não te agradava e tu me ameaçavas com o fracasso, então o respeito pela tua opinião era tão grande que com ele o fracasso era inevitável, mesmo que só ocorresse em uma época posterior. Perdi a confiança nos meus próprios atos. Tornei-me instável, indeciso.

#2- Para mim sempre foi incompreensível tua falta de sensibilidade em relação à dor e à vergonha que podias me infligir com palavras e veredictos, era como se tu não tivesse a menor noção da sua força;

#3- Da tua poltrona, tu regias o mundo. Tua opinião era certa, qualquer outra era disparatada, extravagante, anormal. E tua autoconfiança era tão grande que tu não precisavas de maneira alguma ser consequente e mesmo assim não deixavas de ter razão.


#4- A dá a B um conselho franco, correspondente à sua concepção de vida, não muito bonito, é verdade, mas de qualquer modo ainda hoje perfeitamente usual na cidade, e que talvez evite danos à saúde. Moralmente esse conselho não é muito reconfortante para B, mas não ha razão alguma para que, no curso dos anos, ele não se recupere do dano; aliás, ele nem precisa seguir o conselho e, seja como for, não há no próprio conselho nenhum motivo para que todo o mundo futuro de B desmorone. E no entanto acontece exatamente isso, mas apenas porque tu és A e eu sou B

#5- Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito.


#6– […] o que me arrebata mal te toca e vice-versa; o que para ti é inocência pode ser culpa para mim e vice-versa, o que em ti pode não causar nenhuma consequência pode ser a tampa do meu esquife.

#7– Tu podes tratar um filho apenas na medida em que tu mesmo foste criado, com força, barulho e coleta, e nesse caso isso te parecia, além do mais, muito adequado, porque querias fazer de mim um jovem forte, corajoso

#8- E é significativo que até hoje tu apenas me encorajes de fato naquilo que te afeta pessoalmente, quando se trata do seu amor-próprio

#9- Estamos em desvantagem no sentido de que não devemos nos vangloriar das nossas provações, nem humilhar ninguém com elas, como tu fizestes com as tuas

#10– A sovinice é, sem dúvida, um dos sinais mais confiáveis de infelicidade profunda

#11– Não é fácil achar um meio-termo diante de tudo isso. Eu perdi a autoconfiança diante de ti, que foi substituída por uma consciência de culpa ilimitada

#12– Não me esforçar para realizar um nada semelhante ao seu

#13- Querer escapar disso tem, portanto, algo de loucura, e cada tentativa é quase punida com ela


Bem, é um livro com um relato sublime de um filho, com necessidades ignoradas, que cresceu perto de um pai egocêntrico 

Aprendeu, naturalmente, a lição: minhas necessidades não serão atendidas; e fez dela uma condição de indigno

Uma pessoa assombrada por uma história de privação que experimentou sentimentos de inutilidade ao longo da vida, em que pese as glórias alcançadas.

Carregou a ideia de que existia uma falha profunda dentro de si.

Quando maltratada, culpou-se. Seguiu sua vida com a chaga de uma crítica interna feroz e a largo dos cuidados e atenção do pai, sua medida maior.

Se você ficou curioso, compre-o e leia. Ele é pequeno e tem um preço acessível.

Obrigado por me ler.

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