Eu não sei vocês, porém, eu, particularmente, sou entusiasta em entender o comportamento das pessoas, questões como : o que influencia um pensamento? Por que fazemos o que fazemos? Por que há pessoas cujas mentes me deixam claustrofóbico? Por que algumas pessoas são intelectualmente instigantes? Existem gatilhos mentais?
Bem, como não sou nenhum gênio nem cientista do comportamento humano, qual melhor jeito de aprender isso? Assistindo tiktok, com certeza (tô zuando, nada contra, mas só que não).
Fui atrás da literatura, aliás, essa é uma dica minha: se não sabe como fazer, vá atrás de quem saiba. Fique curioso e isso te levará a um outro nível.
Especificamente, li dois livros que, para mim, são animais: Pense de Novo: O poder de saber o que não sabe, de Adam Grant, e Elástico: Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas, de Leonard Mlodinow.
Sério, leiam, depois vocês me agradeçam. Até deixei linkado para facilitar para vocês.
Basicamente os dois livros desmistificam a inteligência como um pensamento linear, formado e lógico e ensinam que cada vez mais ela se relaciona com ideias como: aprender e desaprender; ser tolerante à dúvida e divergência; fomentar e cultivar pensamentos laterais.
Vou listar alguns dos insights mais interessantes que tirei da leitura dos livros:
#Humildade intelectual
“Se conhecimento é poder, saber o que não sabemos é sabedoria” Adam Grant.
Permita-se o desconhecido e não caia em polarizações.
É necessário termos a humildade para reconsiderar compromissos passados, dúvida para questionar decisões atuais e curiosidade para reimaginar o futuro.
Se pensar igual sempre, chegará às mesmas respostas e, ao cabo, aos mesmos lugares.
Não seja um sovina mental a ponto de preferir a facilidade de se agarrar em visões antigas a dificuldade de compreender ideias novas.
Lembre-se: a dificuldade não está em ideias novas, mas em fugir das velhas.
#Não seja resiliente a ponto de ser tolo
Tudo muda: paradigmas são quebrados, pensamentos são atualizados, a história é implacável, enfim, estamos amplamente expostos à metamorfose que é viver.
Não se atrase em ideias e comportamentos vencidos.
Se você não mudar de ideia frequentemente, viverá errando.
Aceite opções razoavelmente boas, em vez de se sentir obrigado a achar sempre a melhor opção.
Existe uma linha tênue entre a persistência heroica e a teimosia tola. Às vezes, o melhor a ser feito é engolir o choro e dar meia-volta. Seja perspicaz em selecionar suas batalhas e as histórias que moldarão sua trajetória. Não adianta botar a escada no muro errado.
#Deite na sua confusão
Pensamentos são como sementes espalhadas, levam tempo para amadurecer.
Por isso, reaja à confusão com curiosidade, paciência e interesse.
Transite pela desordem e anseie por pensamentos divergentes.
Você precisa de tempo para sua confusão. Assimilar uma ideia nova não é fácil, é como você tivesse desbravando novos ares do seu cérebros, e no fundo, assim o é.
# Filtre os fatos
Questione informações em vez de apenas assimilá-las. Você é uma mente pensante, não um robô.
Rejeite a ideia de que a autoridade do emissor é sinônimo de confiabilidade. Cara, hoje o que mais tem é gente falando de tudo e não entendendo de nada. Então, cuidado com a galera palestrinha!
É interessante citar o efeito Dunning-Krugger, cujo conceito, em resumo, diz que “ é nos momentos em que nos falta competência que é mais provável transbordamos autoconfiança”. Isto é, os incapazes não sabem que são incapazes, ao contrário.
Por fim, aquele que transmite a informação geralmente não é sua fonte. Já brincou de telefone sem fio? Pois é, então você sabe, o ruído entre as pontas distorce a realidade. Não somos bons intérpretes.
#Escute como se tivesse ouvindo sua vó falar
A forma mais eficiente de destravar mentes, seja ela a sua, seja ela a de terceiro, é adotando uma escuta reflexiva.
Não se descuide de fazer perguntas abertas, tais como Sócrates fazia. Você estará garimpando fundamentos e não ideias superficiais.
Além do mais, afirme intenções e a capacidade da outra pessoa mudar.
Quando se existe vontade sempre se dá um jeito. Porém, se não se convencer das razões do outro, apenas as respeite e absorva suas lições. Sem crise, o diferente te torna diferenciado.
#Encare com leveza seus erros
Pesquisas sugerem que quanto mais rimos de nossos erros, mais felizes tendemos a ser.
O erro não é o destino, é o caminho. A resposta está dentro do problema. Na maioria das vezes não existem verdades absolutas, apenas visões distintas acerca de determinado assunto.
#Fique OFF
Caminhe, devaneie, levante e se alongue, tome um banho, mude o local, pois, pensamentos com maior complexidade, muitas vezes, exigem que acionemos o “default” do cérebro, que é um estado de relaxamento.
Estudos mostram que uma simples caminhada, escolher lugares mais espaçosos, sentar num quarto escuro ou fechar os olhos, podem ser úteis na captura de conceitos estabelecidos no inconsciente e facilitam associações excêntricas, que, usualmente, geram bons insights.
Isso não dispensa a necessidade de concentração plena, ocorre que ajustes das condições externas fortalecem os ganhos de aprendizagem.
Até mesmo a procrastinação pode ser eficaz, pois ela cria um ambiente para maturação das considerações inconscientes.
Conclusão
Bem, essas foram umas das hilárias percepções e aprendizagens que extraí do livro.
É claro que tem pessoas que possuem traços que favorecem o pensar mais adaptativo, como neofilia (grau de afinidade pelo novo), esquizotipia (pessoas com pensamentos incomuns), maior fluência (capacidade de gerar ideias mais rápidas), imaginação (capacidade de criar) e pensamento integrativo (aptidão em interligar assuntos naturalmente diferentes).
Porém, o mais importante é a boa vontade e curiosidade em aprender e desaprender.
Reflita sobre esta frase:
“Se você tem uma laranja e troca com outra pessoa que também tem uma laranja, cada um fica com uma laranja. Mas se você tem uma ideia e troca com outra pessoa que também tem uma ideia, cada um fica com duas.” – Confúcio
Abra sua mente, pense e seja diferente! 😉
