Menos é mais

Seja feliz com menos

 Se eu perguntasse a você agora, o que libera seu sorriso?    

Provavelmente você diria momentos com pessoas especiais. Quando falamos de lugares são sempre sobre pessoas.

Tais momentos são raros, pois dourados pela surpresa do destino.

Agora, vou começar a estragar isso.

Por um momento, comece de trás para frente e mentalize o dia perfeito.

Muito provavelmente você vai se frustrar, pois expectativas projetadas criam um “avatar” daquilo que você deseja. Não é sobre o outro, é sobre você. 

Frisou na essência da coisa? Desejar é o primeiro passo para perder. 

Sim, eu não estou alucinando. O desejo egoico te coloca numa verdadeira esteira hedônonica. Nunca para e você também nunca chega. 

Você mira naquilo que você quer, isso te impulsiona, mas quando você a possui esse frisson se esvai feito o vento.  É um efeito elástico, você desfruta a dopamina da conquista e logo retorna a busca pela falta, vez que a régua sempre pode subir.    O que nos falta nos atrai.    

Nesse fuzuê, a comparação social sequestra sua paz. Vamos concordar que submeter aos seus padrões ridículos e prejudiciais é insano. No final, você é quem vira o objeto perseguido.

AHHH, mas então devo ser medíocre, aceitar ser pouco? Não, pera lá, nem tanto ao sol, nem tanto a lua. 

O verdadeiro estado de contentamento, definitivamente, não é o objeto, e sim a busca. Processo, e não a chegada. Desapego, e não o apego.

Você concorda comigo que transferir sua felicidade ao externo é não ter liberdade em ser?

Veja. Nosso desejo por mais é bastante forte, porém mais forte ainda é nossa resistência a menos.

Como então escapar desse dilema da satisfação?

Siga o conselho de Sêneca: “Se você quer enriquecer, não adicione dinheiro, mas abstraia desejos”.

E vou além, “quem não considera o que tem como riqueza mais ampla, é infeliz, embora seja o senhor do mundo inteiro”.   Fuja dos prazeres fugazes. Tente se satisfazer e ser

 Genuinamente feliz por aquilo que é absolutamente necessário, já que os seus anexos não necessariamente nos agrega. É mais do mesmo. São ruídos e entulhos que desfocam o essencial e subtraem sua presença das surpresas dos momentos.

Satisfação é o maior paradoxo da vida humana.

O segredo então é controlar nossos desejos. Cuidar do que temos ao invés do que queremos, nos dá a chance de vivermos em paz. O sábio vive contente com pouco.

Buda disse: “a raiz do sofrimento não é a sensação de dor nem de tristeza e nem mesmo de falta de sentido. Em vez disso, a raiz do sofrimento é esse incessante e inútil busca de sensações efêmeras, que nos leva a estar em um constante estado de tensão, inquietude e insatisfação”

Encerro com a passagem também de Sêneca: “Não é o homem que tem pouco, mas  o homem que anseia por mais, quem é pobre.”

Freie seus desejos e viva o melhor da vida.

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