Caso Casimiro- o sucesso é talento ou sorte?

O gato fofo. O famoso em situação constrangedora. A traição. A morte de uma figura pública. O sangue que estampa os telejornais. Aquele fato inusitado, excêntrico e de humor “pesado” que borbulha gargalhadas. Aquele hino chiclete com letras inenarráveis. O caso do luva de pedreiro, Casimiro, Khaby Lame. Enfim, vira e mexe surge um hit que dropa alguns minutos de fama, às vezes, passageira, outra, longínqua, porém suficientemente intensa o bastante para circular comentários nas rodas e sacudir os ganhos do mensageiro.

Tantas vezes essas epidemias sociais são oriundas de golpe de sorte e timing bom. A meu ver, todavia, há um padrão claro nessas ascensões candentes de notoriedade: o deslumbramento forjado por efêmeras percepções de aparência e adesão social. 

O gato fofo. O famoso em situação constrangedora. A traição. A morte de uma figura pública. O sangue que estampa os telejornais. Aquele fato inusitado, excêntrico e de humor “pesado” que borbulha gargalhadas. Aquele hino chiclete com letras inenarráveis. Enfim, vira e mexe surge um hit que dropa alguns minutos de fama, às vezes, passageira, outra, longínqua, porém suficientemente intensa o bastante para circular comentários nas rodas e sacudir os ganhos do mensageiro.

Tantas vezes essas epidemias sociais são oriundas de golpe de sorte e timing bom. A meu ver, todavia, há um padrão claro nessas ascensões candentes de notoriedade: o deslumbramento forjado por efêmeras percepções de aparência e adesão social. 

Nesta economia da atenção, a aparência desponta como barâmetro de quase todos nossos julgamentos. Quanto mais controverso, quiçá, escandaloso, mais distante parece estar o emissor dos recônditos do anonimato, pois esses levantes são potencialmente engajadores.

Segundo Dacher Kelner e Jonathan Haiti, psicólogos, “assombro é a sensação de maravilhamento e deslumbramento que ocorre quando alguém é inspirado por grande conhecimento, beleza, sublimidade ou poderio. É a experiência de confrontar com algo maior que você mesmo. O assombro expande o âmbito de referência do indivíduo e impulsiona sua autotranscendência. Abrange, admiração e inspiração e pode ser evocado por tudo, de grandes obras de arte ou música a transformações religiosas, de paisagens de tirar o fôlego a proeza humanas de audácia e descoberta.”

Interessante e reverberante com nossos instintos de arquétipos sociais praticados comumente por regras implícitas como: é melhor ser temido do que amado; fale bem ou mal, mas falem de você; a verdade é geralmente vista, e raramente ouvida…

Ser notável pode ser positivo para sua carreira profissional, pode ajudar a transcender e contagiar outros de conhecimento, informações ou valores recrutados importante. Entretanto, o escrutínio público pode desbaratinar para uma devassidão da intimidade, além de lhe atribuir uma sórdida responsabilidade externa.

De toda forma, guardados os excessos, como bom amante do livre arbítrio, eu admiro a virilidade, pois creio que a transmissão social é um bom indutor de tendências, oportunidades, pluralismo, transparência, ruptura e circularidade de ideias heterogêneas.

Aumentar a base informacional é um caminho louvável para nossa liberdade. Contudo, a emoção corrige a regra. Como, afinal, emplacar movimentos avassaladores?

Bem, sou um nato cientista social, na real, sou um fofoqueiro silencioso, pois só observo e crio minhas opiniões- fonte: vozes da minha cabeça.

Mas falando sério, a psicologia do compartilhamento não chegou a um consenso sobre quais fatores são, de fato, determinantes para epidemias “meméticas”. Contudo, o sucesso deixa pistas.

Primeiramente, uma intuição comum é a de gerar a boca a boca tem a ver apenas com encontrar as pessoas certas. Isto é, determinadas pessoas têm mais sectários. 

Malcom Gladwell, em ponto da virada, diz que “epidemias são impulsionadas de um conjunto de pessoas excepcionais”

Sou meio cético, com todo respeito à grandeza de Malcom. 

A meu ver, o foco não é no mensageiro, e sim na mensagem.

Outra teoria, diga-se de passagem, com maior preeminência, entende que a virilidade é completamente fortuita. Vejo força nessa argumentação, porque, né, sejamos sinceros, há casos toscos de sucesso, que dificilmente podem ser explicados até mesmo pelos fãs mais fiéis.

Outros que fofura e humor são ingredientes chave da virilidade. AHH, fala sério, quem ama Casimiro respira. O humor para mim é linguagem divina, todo resto é uma tradução ruim. 

Ta, pelo jeito não há razões sacramentais acerca das causas próximas e distantes, será que existem das causas de eficiência?

Sim, é factível tornar qualquer coisa contagiante, embora a maioria delas sejam simples e naturalmente infecciosas. Veja como..

#01 MOEDA SOCIAL

As pessoas vivem erroneamente num mindset de competição. O fundamentalismo evolucionário ensina que somos carentes de status, que, em linhas gerais, se resume numa lógica opulenta de soma zero de ser melhor que o outro, de obter mais, e não só do contentamento em ser apreciado ou aceito .

A vida é um “game”. Há o jogo do colegial de competir para ser o garoto popular. O jogo da fisionomia. O jogo das finanças para ganhar mais dinheiro. O jogo acadêmico para prestígio. O jogo esportivo para mostrar que nosso time é o melhor. Até nossos atos virtuosos aparentam ser tentativas de exultar nossa moral diante nossos pares, sem voluntarismo espontaneidade, só meios.

A vida torna-se uma performance e os créditos sociais discriminam. A felicidade passa a ser relacional. Um verdadeiro faz de conta. Nostálgico e imaturo, eu diria. 

Infelizmente, com efeito, alavancar uma mecânica de jogo para dar às pessoas formas de alcançar símbolos de status visíveis que elas possam mostrar aos outros é sempre tão eficaz.

Portanto, ainda não podemos fazer o download de prestígio  na PlayStore, porém conseguimos sim operar uma sistema de ação e reforço, com quantificação do desempenho, que equaliza os brios individuais.

Não só, é interessante cintilar os feitos de notabilidade, como?

Tornar original. Gerar surpresa e quebrar um padrão que as pessoas estão acostumadas a esperar. 

Mistério e controvérsia também são notáveis. 

Einstein já dizia: a mais bela emoção que podemos experimentar é o mistério . É o poder de toda arte e ciência verdadeiras. Aquele para que a emoção é estranha , que não consegue mais parar para se maravilhar e se extasiar em assombro , está quase morto.

 Usar escassez e exclusividade são o tchan também.

Enfim, seja diferente e continue sendo esquisito. Autenticidade gera notabilidade.

#2 GATILHOS

O segredo do agir é tornar simples e visível tudo que é o âmago da sua motivação em começar.

Suponha o seguinte: Você está de dieta. Talvez não seja inteligente passar do lado daquele açaí que você tanto ama, pois pode ventar forte e você ser arrastado para uma delícia de recaída. Ao contrário, mostra-se prudente espalhar frutas em locais acessíveis pela sua casa, porque o segredo é remover barreiras de acesso. Grosso modo, onde você bota o olho, você pode botar a boca. A sabedoria popular imperando: o que os olhos não veem o coração não sente.

Todos seres humanos são motivados a buscar o prazer e evitar a dor; buscar a esperança e evitar o medo, e, por fim, buscar a aceitação social e evitar rejeição.

Porquanto, crie janelas de oportunidade, onde quer que você repentinamente torne um comportamento mais fácil, novas possibilidades irão aflorar dali.

# 3 DIRIJA-SE AO CORAÇÃO

Maya Angelou tem uma frase famosa: as pessoas esquecem o que você disse, esquecem o que você fez, mas nunca esquecem o que as fez sentir.

A contento, em vez de martelar sobre funções, enfoque em emoções. Coisas emocionais com frequência são compartilhadas. Há uma grande sinestesia de sentimentos ocultos que nos ligam aos outros.

Você quer corações, e não olhos.

# 4 PÚBLICO

Não adianta, parceiro. Nem me vem falar de academia que não vou ligar favas. Crossfit? Esqueça, quem gosta de levantar pneu é borracheiro. 

Ok, fui meio dramático, isso tudo para dizer que o público importa. 

Temos de lembrar que somos seres mímicos, puxa nossa ancestralidade: o macaco vê, o macaco faz.  Nós evitamos aqueles ao nosso redor. Validação social e boca a boca são selos de confiança implícitos.

Por isso, tornar as coisas observáveis incute familiaridade, além de aguçar vieses como o de autoridade.

Então, zé, bota a cara no sol.

# 5 HISTÓRIAS

Cara, você precisa malhar, parece um slime. 

Rude. Desnecessário. Tosco. Sem efeito.

Agora em outro enquadramento.

Mano, que isso, eu pareço um viking. Comecei a malhar há 03 meses. Safo, fiz minhas dietas que não sou bobo. Malhei naquela academia lá, a fábrica de monstros. Disciplina, todo dia esmaguei metas e sem lágrimas, irmão, só supino. Durmo igual a um neném. Frango nunca mais, só os da minha dieta. Meu tinder tá estourado, minha autoestima tá voando mais que os foguetes da NASA. Cêéloucoo, começa, cara. Só começa, depois você me agradece.

Rapidão, partiu matricular-se na academia. Outros quinhentos, né? Fala aí.

A história tem poder. Ela vende, ela embarca na imaginação. É tipo assim, o coração chega naquilo que as mãos não alcança.

Portanto, adágio: a informação viaja disfarçada de conversa fiada.

Faz sua cena. Conte seu trampo. Pinte e crie um contexto onde os outros possam pensar. As pessoas gostam de se sentir no controle e quando você cria espaço para elas pensarem, há a sensação de posse das ideias e, portanto, aprecia e defende como tal.

#6 CONTEÚDOS PRÁTICOS

A ideia é ajudar as pessoas a fazerem coisas que elas querem fazer, ou encorajá-las a fazerem o que deveriam. De modo mais rápido, melhor e mais fácil.

Informações e conselhos são formas de atribuir valor prático.

Opinião atrai, exemplos arrastam.

Bem, chegando ao final, tenha em mente estas notas de resumo:

  • Emita sinais ambíguos que fascinam e confundem. Numa sociedade que todos exercem papéis óbvios, o diferente é notabilizado. Aproveite o poder do contraste.
  • Insinue. Infunde nas pessoas o desejo relacional. Exatamente isso, não quero nenhuma das coisas boas da vida se as pessoas não as invejarem. As pessoas realmente se amam, mas os que mais gostam é de ver suas próprias ideias e gostos refletidos no outro. Isso as valida.
  • Tornar-se um misto do irreal e real. As pessoas são irrecogivelmente banais; isto é, reais em excesso. Busque  o etéreo. A vida é dura e somos amassados pela monotonia do cotidiano. Estamos sedentos de fantasias.
  • Por fim, faça tudo isso contando histórias para públicos que as aspiram. A desejabilidade é uma ilusão social. Então embale tudo com mistério, pois ele é a alma do desejo e, para mantê-lo, sempre surpreende, agite e até choque seus telespectadores e sectários. 

Boa sorte, que você brilhe tanto que pareça que engoliu a lua! 

Obs- Esse texto teve por base os livros:Contágio. Por que as coisas pegam?, de Jonah Berger; e Hit Makers, de Dereck Thompson. Indico ambos.

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